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terça-feira, 31 de agosto de 2010

Federação e candidatos

copernico30

 

Na campanha presidencial, os candidatos tendem esquecer uma coisa: o Brasil é uma federação.Pelo menos no nome: “República Federativa do Brasil”.Além disto,todos principais candidatos propõem criar novos ministérios, como se não bastassem os que já temos. Frederick Taylor, o papa da organização moderna empresarial, declarou em seus trabalhos que, nenhum chefe deveria ter mais de sete órgãos ou departamentos a ele subordinados. Taylor deve estar dando saltos em sua tumba vendo a atual organização ministerial do Brasil,com seus mais de 30 ministérios. Pois bem. Os tres principais candidatos querem aumentar este numero.Este um ponto a analisar. Mas, o aspecto principal é a questão federativa. O candidato Serra propõe criar um Ministério para tratar da segurança. Por acaso não sabe o candidato que a segurança nos Estados é atribuição do Governador do Estado? Na esfera federal já existe a Policia Federal que trata de casos específicos, não do dia a dia da proteção ao cidadão, que cabe , repetimos, à polícia estadual.Outra medida que o candidato diz que tomará:colocar dois professores em cada sala de aula. Sem discutir a eficácia da medida, quero lembrar ao candidato Serra que ensino fundamental e médio, são atribuições das Prefeituras e dos Estados. Mesmo no ensino superior temos universidades estaduais.Outro assunto. Pretende criar uma Guarda Nacional para controlar as fronteiras do país. Esquece o candidato que esta atribuição é das Forças Armadas Nacionais? Basta dotar Exercito, Marinha e Aeronáutica de meios que, eles saberão proteger nossas fronteiras. Guarda Nacional? Só o nome causa-me arrepios. Será que voltamos ao tempo do Império em que a Guarda Nacional, então existente, foi o viveiro dos “coronéis” de antanho? Recomendo ao candidato Serra ler o excelente “Coronelismo , enxada e voto” de Vitor Nunes Leal. Talvez possa desistir da idéia. Tudo isto é o vezo do centralismo que herdamos do Império.

Da mesma maneira, a candidata Dilma propõe ampliar para todo país as “UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora”, do Rio de Janeiro. Acontece que esta medida é atribuição dos governadores dos Estados, pois a Policia Militar que, opera estas UPPs- de excelentes resultados , diga-se – é subordinada aos governadores.

Toda esta questão resulta do desconhecimento dos candidatos de como opera uma verdadeira Federação. A Federação no Brasil é um mito, agravada pelo caótico sistema tributário existente que, deixa com a União, cerca de 70 % dos impostos arrecadados. Gera esta situação, a presunção dos Presidentes da República de opinarem sobre matérias de exclusiva competência dos Estados e Municípios.

Esta luta não é de hoje. A Constituição Imperial de 1824 era nitidamente centralizadora pois, ao Imperador cabia nomear os Presidentes das províncias e escolher os Senadores eleitos, na lista tríplice apresentada.Legisladores tentaram reverter esta situação em 1834, com a edição do “Ato Adicional à Constituição” que aumentava a autonomia das províncias. A reação não tardou. Em 1840 editou-se a “Interpretação do Ato Institucional” anulando toda independência das províncias.A novel Republica com seu “Estados Unidos do Brasil”, nada fez para melhorar as coisas.

A mentalidade centralizadora sempre foi a tônica de nossos Presidentes. Não é de admirar que os atuais candidatos sigam o mesmo caminho. Para estes deixo o conselho de Tom Peters, economista americano, em seu famoso livro “The Circle of Innovation”: “Para melhorar é preciso inovar. Para inovar é preciso descentralizar”.

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