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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Burocracia e crescimento




Dos maiores entraves ao crescimento do Brasil, podemos classificar a burocracia imperante como o maior deles.Os leitores que trabalham no meio empresarial conhecem bem a força da burocracia. Apenas, para encaminhar o raciocínio, vou citar alguns exemplos. Pela via marítima é que saem a maior parte das nossas exportações. Pois bem. Todo navio que aporta no pais tem que preencher 112 documentos com mais de 900 informações. Varias repartições comparecem à bordo. A começar pela Capitania do Porto, para fornecer o passe de saída. Temos depois a Saúde dos Portos, a Alfândega , o Ministério das Comunicações, -para inspecionar a radio telefonia- e por ai vai. São mais de doze repartições diferentes.que criam obrigações para serem cumpridas pelos agentes da empresa de navegação proprietária do navio.E toma corrupção nisto...
No Brasil até pagar imposto é difícil. O Banco Interamericano de Desenvolvimento ( BID ) distribuiu relatório em que mostra que, no Brasil, uma empresa gasta 2600 horas por ano para pagamento de impostos, contra 453 na Argentina, e 316 no Chile. A media nos países desenvolvidos é de 177 horas. Não estou falando da carga de impostos que no Brasil chega a 38% do Produto Interno Bruto ( PIB ) enquanto , por exemplo,nos Estados Unidos é de 20%.
A Federação das Industrias de São Paulo ( Fiesp) divulgou estudo em que calcula quanto as empresas brasileiras gastam com a burocracia, a que são obrigadas a cumprir: R$ 46,3 bilhões por ano, o que equivale a 1,5% do PIB.Como os investimentos no governo Lula chegaram a “enorme” soma de 17% do PIB vê-se que a burocracia tirou, aproximadamente, 10% dos investimentos. Pelos números vê-se que os investimentos foram diminutos e a burocracia enorme.
O Brasil está longe de igualar-se ao desempenho da China e Índia, dois outros componentes do chamado “Brics” - Brasil Rússia,Índia e China.Enquanto estes paises aumentam sua fatia no PIB mundial, o Brasil perde participação.
Mas, porque este atraso? Tudo isto é resultante de nossa herança ibérica, cultora do privilegio e da burocracia.Aconselho os leitores a lerem o livro “Falling behind”,organizado por Francis Fukuyama, e lançado recentemente em português, com o titulo “Ficando para trás”. No livro lê-se que, em 1700, a América do Norte britânica e a América Latina se equivaliam economicamente. Ao longo dos três séculos seguintes, os Estados Unidos se distanciaram, tornando-se grande potencia, política, econômica,e tecnológica, aumentando a distancia entre as duas Américas. A América Latina, por uma sucessão de guerras civis, sublevações militares, episódios tirânicos atrozes e ilusões revolucionarias, foi ficando para trás. E continua até hoje. Basta citar os Fidel Castro, Chavez, Correa e Morales, todos amigos do Senhor Lula da Silva.
O Brasil, felizmente, parece ter apreendido que a democracia é o único caminho para o progresso. Mas, falta livrar- se dos grilhões da burocracia.
Termino com esta citação de Mary McCarthy, escritora americana; “A burocracia, a regra de ninguém, tornou-se a forma moderna de despotismo.”
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