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sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Realidade brasileira



Alguns amigos acham que nos meus artigos tenho sido demasiadamente crítico em relação ao Brasil. Em relação ao Brasil não, respondo, mas aos nossos maus governantes. Vamos à breve análise.
Poderá ser o Brasil, algum dia, um grande país à altura das nações mais civilizadas? Creio que sim. Mas, antes de mais nada, é preciso que se estabeleça plena confiança dos governados nos governantes. Que os alicerces da nacionalidade sejam fundados no respeito ao trabalho e à liberdade. E, principalmente, acabar com as inúmeras ilusões em que vive o povo brasileiro, ilusões estas alimentadas pelos nossos dirigentes e por alguns políticos que vivem dizendo, a todo instante, que somos o melhor país do mundo, o mais ordeiro, o povo mais inteligente, que vivemos em um Eldorado, país de fantásticas riquezas inexploradas, de solo riquíssimo, etc, etc. E por aí vão as loas às nossas grandes qualidades e riquezas. Vamos devagar com o andor. Já é tempo de todos aqueles que estudam o Brasil começarem a falar claramente e mostrarem aos brasileiros que, se temos grandes possibilidades, também temos grandes dificuldades. Mas se existem dificuldades, há também razões para confiança no futuro. Exemplifico: o Brasil é dos poucos países do mundo que ainda tem fronteira agrícola para expandir e não é pouca a quantidade do que ainda podemos aproveitar, excluindo a floresta amazônica. E a produção de alimentos é a base da riqueza e da independência de qualquer país. Os Estados Unidos da América, nação mais rica do mundo, é também o país de maior produção agrícola. Cito alguns sucessos brasileiros mais recentes. A Embrapa, nossa empresa de pesquisas agropecuárias, tem conseguido notáveis êxitos com o desenvolvimento de sementes apropriadas ao cerrado e um sem número de experiências bem sucedidas para fortalecer a agropecuária. É reconhecida como líder mundial no estudo da agricultura dos países tropicais. Outro exemplo é o da Embraer - Empresa Brasileira de Aeronáutica. Esta empresa que, quando estatal, estava em situação pré-falimentar, tornou-se a maior construtora de jatos regionais do mundo. Isto foi conseguido, como disse seu ex-presidente Maurício Botelho, graças a investimentos, tecnologia, pesquisas, agressividade e trabalho, muito trabalho.
Quem percorre o interior de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, com suas cidades pujantes e progressistas, pode bem sentir o coração do país. Lá, ninguém está preocupado com resoluções do Banco Central, com índices da Bolsa de Valores, nem prestando atenção às CPIs do Congresso. Todos querem trabalhar, construir seus negócios, enfim, “tocar pra frente”. Esta melhoria constante, sem propaganda, é exemplo do espírito empreendedor do brasileiro.
Outro avanço significativo, que notamos com regozijo, é a presença cada vez maior da mulher nos bancos universitários, na direção de empresas, na alta administração pública, na magistratura. Isto é sinal de modernidade e de que avançamos na direção de sociedade mais justa.
No mundo atual, o Brasil é dos melhores paises para se investir. Aqui, ainda se encontram grandes oportunidades, grandes fronteiras a descobrir, empreendimentos a criar. É só sair destes centros sufocantes que são as grandes metrópoles brasileiras e caminhar para o interior. Não basta, evidentemente, só isto. O brasileiro tem que se conscientizar de que para vencer, principalmente neste mundo globalizado, é preciso capacidade profissional, muito estudo e abandonar a idéia do lucro fácil e rápido. Precisa também acabar com a mania de pôr a culpa toda no governo. Maus governos atrapalham muito, mas isto não é desculpa para tudo. Que tal se lutássemos para diminuir a influência do governo em nossas vidas, procurando resolver muitos de nossos problemas com engenho e arte, com nosso esforço conjunto? Que tal se tivéssemos um pouco mais de respeito às leis sem precisar do beleguim ao lado para cumpri-las? Que tal lembrar-nos de nossos deveres quando exigimos nossos direitos?
Evidentemente a situação está difícil. A crise mundial, com as ameaças de desemprego, amedronta o cidadão. Mas temos de reagir esquecendo a ilha da fantasia brasiliense que nos cobre de impostos e leis mal feitas. Apesar destas dificuldades, não vejo razão para temores. O país está amadurecendo. A nação começa a sacudir-se, seus cidadãos organizando-se e expondo suas opiniões. O que é preciso é que venham os líderes, os experimentados, na política, na imprensa, nas universidades, para conduzir o navio ao porto seguro, livrando-o das pedras que, naturalmente, aparecem na rota. Termino com Norman Cousins: “O progresso começa com a crença de que o necessário é possível”.

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