Pages

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Educação: Mola Mestra



Temos acompanhado as discussões que se travam a respeito de nosso crescimento. Não crescemos por causa das altas taxas de juros, dizem alguns.Há que se respeitar a política monetária. Sem estes juros a inflação voltará dizem os monetaristas.Mas, afinal de contas quem está com a razão? Nem um nem outro. Não crescemos como devíamos porque descuramos do essencial: a educação do povo em geral. Nosso sistema educacional público está em frangalhos, desde o fundamental ao superior. Analisemos.O estigma do analfabetismo continua sempre a nos perseguir malgrado os esforços dos governos. Falamos do analfabetismo funcional. Ler e não entender o que lê é o que acontece com a maioria de nossas crianças, atualmente. Um pouco de números Os dados do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, relativos a 2003 mostram que 92% dos brasileiros de 15 a 19 anos, das famílias mais pobres terminam a 1ª serie do ensino fundamental, mas só metade deles completa a 5ª serie.12% da população ainda era analfabeta. No ensino médio a expectativa de conclusão é de 74%. Mas, somente 6% dos alunos que iniciaram o ensino fundamental terminam o curso superior.Nos paises desenvolvidos esta porcentagem chega a 70%.O panorama atual do ensino brasileiro é dos mais desalentadores. Vai desde a centralização excessiva das decisões, em poder do Ministério da Educação, até à deficiência dos salários e a falta de responsabilidade profissional dos professores. Por outro lado, a influência jesuítica na nossa cultura gerou a inusitada procura do titulo de "doutor”, a ânsia de entrar na Universidade revelada por todas as classes sociais. Nossas leis, com preponderante influência do “bacharelismo” concedem toda espécie de vantagens aos que possuem o chamado curso superior, as quais vão desde gratificações especiais até prisão especial. Isto sem falar do problema do falso status. Baixando um degrau, chegamos ao atual 2º grau. Aqui reside nossa maior fraqueza. É a inexistência de escolas profissionais ou escolas técnicas para prepararem o profissional de grau médio. A Alemanha, que tem um maravilhoso sistema educacional, presta especial atenção a esta parte do ensino. Na nossa especialidade, a Engenharia, estes técnicos são a base de toda industria alemã São o elo entre o engenheiro diplomado, cuja finalidade é principalmente projetar e o mestre que, que dirige as oficinas. São verdadeiros engenheiros que, em curso de três anos, um pelo menos trabalhando em fábricas, adquirem todo conhecimento prático e com suficiente teoria para conduzir o trabalho no campo.Onde estão no Brasil escolas públicas semelhantes? Salvam-nos, neste campo, as excelentes escolas do “Senac” e do “Senai” conduzidas pelo esforço da iniciativa privada. Chegamos agora ao 1º grau. Ai reside a maior desgraça do nosso ensino público. No interior, nem se fala. O elevado índice de faltas dos professores causa o desinteresse dos alunos pelas matérias em ensino. A maioria dos alunos deixa a escola ao término da 1ª serie. A falta de assistência é total. No, entretanto neste estágio do ensino é que se devem concentrar todas as atenções. A municipalização total do ensino de 1º grau prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação não passou de intenção na maioria de nossos municípios, dado os poucos recursos de que dispõem para tal. Municípios há em que as escolas ficam fechadas seis meses no ano escolar. A escolaridade compulsória, embora teoricamente legal, não é observada. A origem de tudo está no nosso defeituoso processo tributário em que a União fica com a parte do leão e os municípios com as migalhas. Não está no escopo deste artigo detalhar as reformas necessárias no ensino para que possamos progredir como devíamos. O que desejamos enfatizar é que não adianta falar em desenvolvimento com educação em frangalhos. O economista Carlos Langoni em seu excelente livro “A Economia da Transformação” demonstrou que a taxa de retorno dos investimentos em educação e superior a qualquer investimento em qualquer outro setor. Por compreenderem isto e que paises como Japão, Coréia do Sul, Cingapura, paises com menores recursos naturais que o Brasil, com condições mais adversas que nos, nos suplantaram em desenvolvimento. Os Estados Unidos da América chegaram onde estão porque desde sua independência a educação foi sempre o maior investimento público.Como afirma o educador Cláudio de Moura Castro, nos Estados Unidos estão localizadas dezessete das vinte melhores universidades do globo.Tivemos oportunidade de cursar pós - graduação em uma delas, a Universidade de Michigan. Pudemos então sentir a pujança desta Universidade pública, suas excelentes instalações, a seriedade com que o aluno é tratado, a dedicação de seus professores. E note-se que apenas 30% do orçamento desta universidade pública é custeado pelos contribuintes do Estado de Michigan. 70% do custeio é gerado pela própria universidade com suas pesquisas e trabalhos para empresas particulares.E lá, os professores não são funcionários públicos... Mas, isto é matéria para outro artigo. As universidades americanas não são ricas porque os Estados Unidos são ricos.Os Estados Unidos é que são ricos por causa de suas universidades e de seu sistema educacional. A discussão que estamos assistindo sobre nossa política econômica, repetimos, é absolutamente estéril.Não haverá desenvolvimento sustentável sem que concentremos nossos esforços na melhoria do nosso sistema educacional. O resto é palavrório inútil. Como já dizia Confúcio: “Eduque as pessoas. Elas se tornarão ricas.”.

Nenhum comentário: