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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Fretes e Comércio Exterior




Quando se fala em aumentar nossas exportações, seria bom pensarmos no que significam os fretes marítimos na formação do preço das mercadorias exportadas, e na necessidade de termos eficiente marinha mercante. Os países do Terceiro Mundo prestam pouca atenção à rubrica chamada “invisíveis”, no balanço de pagamentos de suas transações internacionais. O Brasil não foge à regra. Um dos principais itens desta rubrica são os fretes marítimos internacionais, os quais, juntamente com os juros, a amortização da divida externa, os royalties, os seguros, etc., constituem a maioria destes pagamentos. Nosso comercio exterior, em 2003, foi da ordem de cem bilhões de dólares, e 95% das mercadorias que constituem este comercio são transportadas por via marítima. Daí se verifica a importância do frete marítimo, parte integrante do preço das mercadorias. O frete marítimo de longo curso está entre 10% a 12% do valor das mercadorias transportadas, alguns itens atingindo 15%. Vê-se, pois, que o comercio exterior brasileiro, via marítima, gera, anualmente, cerca de , no mínimo, cerca de 12 bilhões de dólares de fretes, receita auferida pelos navios que fazem o transporte dessas mercadorias.. Quantia apreciável. O importante é saber-se quanto deste total é transportado por navios brasileiros, gerando pois, divisas para o país, nesta época do “exportar ou morrer”. Alguns anos atras, o Brasil carregava em seus navios 42% das mercadorias do seu comercio exterior, ficando com o frete correspondente. Hoje o quadro é melancólico. O Brasil transporta em seus navios menos de 3(três) por cento das cargas geradas por seu comercio exterior, e nossos estaleiros encontram-se semiparalisados em matéria de construções novas. Este deplorável descaso, causou a perda de mais de 50 mil empregos diretos e indiretos no conjunto marinha mercante-construcao naval. Tivéssemos mantido a porcentagem anterior, de 42% de mercadorias transportadas em navios de bandeira brasileira, estaríamos produzindo divisas no valor de cerca de cinco bilhões de dólares, reforço considerável para nossa combalida balança comercial. Em vez disto estamos com um déficit anual de cerca de 9 (nove) bilhões de dólares na rubrica fretes marítimos, no balanço de pagamentos. Temos novo Ministro do Desenvolvimento – mais um – cuja tônica parece ser a exportação. Que tal, ministro, agir um pouco nesta questão da marinha mercante? Quem não controla os fretes marítimos , de uma maneira ou de outra, não controla o preço de suas mercadorias exportadas ou importadas. Nesta batalha internacional que é o transporte marítimo, muitas mercadorias se tornam gravosas pela simples manipulação dos fretes. Todas as grandes nações protegem suas frotas mercantes, principalmente “debaixo do pano”. Falando dessas artimanhas, lembramo-nos de um velho armador italiano, quando há tempos conversava conosco: “Lembre-se meu amigo; todos que navegam são piratas”. Melhorar nossa receita de fretes não depende da eliminação de nenhuma barreira estrangeira. Depende de nós mesmos e de engenho e arte. Já é tempo de o Brasil começar a pensar seriamente no assunto.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezador Senhor: haveria possibilidade de enviar uma tabela contendo a evolução histórica dos fretes com bandeira nacional e bandeira estrangeira. Abraços e obrigado Professor Alfredo dAvila

alfredosolos@yahoo.com.br