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quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Partidos políticos: sacos vazios

na praia

As últimas eleições decretaram a falência dos partidos políticos no Brasil. No Brasil, quase sempre, não representam idéias ou ideologias.Na faixa dita democrática, eles se misturam, cada um defendendo seus interesses particulares.

O mal não é novo.Os partidos, desde a independência,criaram-se em torno de pessoas, de chefes, não raro os interesses regionais predominando sobre os interesses nacionais. Dir-se-á que, no Brasil, política é sinônimo de mexerico de aldeia, questiúncula de dize tu direi eu, de conluios, cuja importante solução não tem outro critério senão proveito do chefe tal,ou de ser contrário, ou a benefício de parentes e aderentes.

Um pouco de história: no Império,  tivemos dois partidos:  Conservadores e Liberais, que se alternavam no poder de acordo com a vontade do Imperador. Não havendo sistema eleitoral, não se pode dizer que houve representação correta. O senador baiano Nabuco de Araújo, em seu famoso discurso do sorites, demonstrou que, no Império, a representação partidária era uma farsa. Com o advento da República, até 1945 – com o interregno do Estado Novo getulista- os partidos perderam suas características nacionais para serem meramente grupelhos regionais. Já com a Constituição de 1946, criaram-se partidos nacionais.Não houve, entretanto, cuidado quanto aos requisitos para formação dos partidos. Daí sua proliferação, apenas para barganhas pessoais.Deixando de lado o período dos governos militares,em que representação correta não havia, a situação hoje, no Brasil continua a mesma: dezenas de partidos sem a menor representatividade, meros agrupamentos para atender ambições políticas de chefetes regionais

Verdade é que nossos políticos, com as exceções de praxe, procuram os partidos de acordo com suas conveniências e, quais a possibilidade de se elegerem por esta ou aquela legenda. O troca-troca de partidos é uma constante na vida pública brasileira , embora a Justiça Eleitoral tenha posto um cobro a esta desfaçatez, dos que se elegeram por determinado partido e, depois de eleitos, sem cerimônia, mudavam de partido.

Na verdade, isto não incomoda a maioria do eleitor brasileiro que, em geral, vota na pessoa e não no partido. O brasileiro,com honrosas exceções,sabe em quem votou para Presidente, Governador ou Prefeito mas, se perguntado em que deputado votou, não se lembra, tudo na tradição de quem olha e procura sempre o “chefe”, o “soberano”, esquecendo que quem faz as leis que lhes vão afetar a vida, diuturnamente, são os legisladores, seus representantes.Mas, como no Brasil votar é obrigatório e não facultativo, como deveria ser,o brasileiro vota porque necessita do documento comprobatório . Pretender que esses fantasmas de partidos, tristes e desanimados, abandonem a demagogia, é o mesmo que pedir a um saco vazio que se ponha de pé Assim, os brasileiros, acabam tendo razão em desprezarem os partidos.

O panorama desalentador do nosso atual parlamento é resultado da falta de consistência de nossos partidos políticos e do defeituoso sistema eleitoral brasileiro.

Vendo os atuais partidos brasileiros, não posso deixar de lembrar do Marquês de Halifax, estadista inglês : “ O melhor partido não é nada senão um tipo de conspiração contra o resto do país.”

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  • Almirante, historiador,escritor-
  • e-mail: jcmacedosoares@attglobal.net>

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