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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Leituras

 

livrosarrumados

Vamos deixar de lado problemas brasileiros e tratar um pouco de leituras. Fica-se desanimado com as atitudes e falas do Senhor Lula da Silva e seus comparsas na condução dos negócios públicos. Precisa-se achar variantes. Para mim a leitura que, sempre foi minha devoção desde a mais tenra idade, é a válvula de escape.Mas, confesso, está cada vez mais difícil achar boa leitura com livros recém lançados. Os autores modernos parecem que se preocupam em encher paginas e paginas, com matérias sem nexo com o tema principal da obra. A observação vale para autores nacionais e estrangeiros. Outro dia comecei a ler livro de autor estrangeiro- omitirei o nome para não prejudicá-lo com minha opinião que, pode ser injusta- famoso pelo seu best-seller anterior. Nunca vi coisa mais mal escrita. Paginas e paginas de enrolação para, no fim, nada concluir. As traduções de livros de autores estrangeiros deixam muito a desejar. Por isto prefiro a leitura dos grandes autores clássicos da literatura portuguesa e brasileira como Julio Diniz, Eça de Queiroz, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, José Lins do Rego, Jorge Amado, entre outros.

Agora mesmo estou relendo “A Morgadinha dos Canaviais”, famoso livro do autor português, Julio Diniz. O difícil nestas leituras de autores portugueses, é entender os termos usados, já fora de moda, para não falar da grafia das palavras, com super abundancia de consoantes dobradas, nas edições antigas. Mas, a narração compensa.Em a “ A Morgadinha dos Canaviais” depara-se logo com “almocrave” e, logo depois com “devesa” e “palafrém”. Embora ainda constem do vocabulário atual, jamais são usadas. “Almocrave”, por exemplo, significa condutor de mulas de carga. “Devesa” , lugar cercado de arvores; Palafrém, cavalo elegante destinado às senhoras. E por ai vai. O dicionário tem que estar por perto... Eça de Queiroz com seu “ A cidade e as Serras” , magnífico com seu Jacinto de Tormes, mostra-nos a vida nas “Quintas” e aldeias portuguesas.Falando dos brasileiros, Guimarães Rosa em seu “Grande Sertão, Veredas”, é extraordinário. Suas frases e ditos originais enchem de satisfação o leitor.Quem não se lembra de:O senhor espere o meu contado. Não convém a gente levantar escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”. Jorge Amado com sua Gabriela : “Eis o cantar de Gabriela/ feita de cravo e de canela /o cheiro de cravo/ a cor de canela/ eu vim de longe/ vim ver Gabriela.”José Américo de Almeida com seu épico “A Bagaceira”:Eu não vou na sua casa,/Você não venha na minha,/Porque tem a boca grande,/Vem comer minha farinha... José Lins do Rego que, nos seus “Menino de Engenho” , “Doidinho” , “Bangüê” e “ Usina”, tão bem relata o coronelismo existente nos sertões nordestinos. Graciliano Ramos com seu “Vidas Secas”, faz-nos compreender a tragédia da seca no Nordeste brasileiro. Gilberto Freyre , “Casa grande e senzala”; Euclides da Cunha , Os Sertões”,os quais li e reli varias vezes, não são romances. São obras de arte que devem ser lidas por todos brasileiros para melhor entenderem o Brasil

Segundo ouço, o que preocupa hoje, no Brasil, é a falta de interesse pela leitura dos jovens brasileiros. Pelo que tenho sabido, poucas são as escolas que incentivam a leitura. Em casa, a internet é o grande inimigo.Não que seja contra esta magnífica ferramenta moderna no disseminar do conhecimento e, na convivência entre as pessoas. Mas, os pais tem que estar atentos para que ela não substitua a leitura.Mas, há contradição na matéria. Na última Bienal do Livro no Rio de Janeiro, enorme foi a quantidade de jovens disputando livros.Fiquei entusiasmado vendo a cena. O que falta, creio, são boas bibliotecas públicas,principalmente nas cidades do interior, para criarem nos jovens o habito da leitura.

Termino com Plínio, o velho, escritor romano : “Não existe livro que seja tão mau, que não possa de alguma maneira servir”.

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