Tenho acompanhado pelos jornais pronunciamentos de brasileiros sobre recente compra de equipamentos bélicos para nossas forças armadas.Muitos expressam opinião que não se devia gastar tamanho numerário para este fim, em país tão necessitado de recursos em áreas vitais, como educação, saúde, para só citar algumas mais prementes.Tem razão a preocupação.Mas, infelizmente, relações entre países nem sempre são balizadas por boas intenções e cordialidade. Um pouco de história:
Na Grécia antiga, os atenienses, com seus filósofos, descuravam de sua defesa. Foi o bastante para que a poderosa Esparta os aniquilassem na famosa guerra do Peloponeso. A cultural Cartago não teve força para afrontar os romanos, apesar dos esforços de seus famosos generais, Aníbal e Amílcar. Terminou arrasada.Assim também o Egito que não teve exércitos para enfrentar o grande Alexandre.E muitos são os exemplos na era antiga.
E, o Brasil ? Surpreendidos pela invasão de seu território pelos paraguaios na guerra do Paraguai, estávamos despreparados. Não tínhamos Exercito organizado e, precisamos nos armar, às pressas, recorrendo aos “Voluntários da Pátria” e até aos escravos que se engajavam em troca da liberdade .Na segunda guerra mundial , 1939-1945 , quando decidimos apoiar as democracias, também não estávamos preparados. A Marinha tinha uma frota obsoleta, cuja última grande remodelação se dera em 1908. Poucos navios construídos no Brasil, graças aos esforços do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. A mesma situação se aplicava à Aeronáutica e ao Exercito. Para exercer o patrulhamento da costa e fazer as escolta dos comboios marítimos, a Marinha teve que receber contra torpedeiros de escolta e caças submarinos, fornecidos pelos Estados Unidos.O treinamento de oficiais e praças, para receber os navios, foi feito pela Marinha americana em Key West , na Florida. Conheço bem a situação pois, jovem tenente embarcado em navio da Força Naval do Nordeste, participei dessa guerra. A própria Força Expedicionária Brasileira teve que ser totalmente equipada pelo 4º Exercito americano, sob cujo comando lutou na Itália.Cito estes exemplos para perguntar aos brasileiros: Quereis continuar com esta situação? É pura ilusão acreditar, que os Estados Unidos detém sua preponderância mundial só pela força de sua economia.
Quanto ao atual programa , está bem concebido. Atualmente, importante para um País é que tenha alto poder de dissuasão, isto é, desencoraje inimigos de atacar-lhe. É o caso do submarino nuclear.É preciso não esquecer que a Marinha já desenvolveu em seu “Centro de Pesquisas Nucleares”, em Iperó (SP), a unidade propulsora do submarino. Grande avanço este esforço da Marinha que, inclusive, já domina o processo de enriquecimento de urânio. Fornece centrífugas para a “Industrias Nucleares do Brasil” que, já está produzindo combustível para as usinas de Angra dos Reis. Mas, o mais importante nestas aquisições é que os submarinos vão ser construídos no Brasil, significando mais empregos e aquisição de nova tecnologia.Quanto à Aeronáutica, ocioso falar da necessidade da proteção do imenso espaço aéreo brasileiro,inclusive no combate ao trafico de drogas. A isto se acrescenta a necessidade de aumentar as unidades do Exercito na guarda de nossas fronteiras.O que existe hoje, neste particular, é insignificante comparado com as reais necessidades do país para reprimir invasões externas.
Os brasileiros conhecem pouco suas Forças Armadas e, o trabalho diuturno que fazem, em tempo de paz, pelo progresso do país, nos campos da instrução e da pesquisa. O “ITA- Instituto Tecnológico de Aeronáutica” – embrião da Embraer – e o “IME- Instituto Militar de Engenharia”, para civis e militares , são considerados padrões de excelência.Os “Colégios Militares” espalhados pelo país, hoje abertos também ao sexo feminino, estão entre os melhores colégios do país. E não estou falando da grande atividade assistencial que os navios hospitais da Marinha, prestam às populações ribeirinhas nos rios da Amazônia e do Pantanal.
Terminando, deixo à meditação dos leitores este antigo provérbio latino: “Si vis pacem para bellum”. (Se queres a paz, prepara-te para a guerra.)
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